A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é um problema de saúde pública crescente no Brasil e no mundo. Essa condição crônica afeta milhões de pessoas e está entre os principais fatores de risco para diversas doenças.
No Brasil, os dados são alarmantes. De acordo com um estudo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), baseado no inquérito Vigitel 2023, 27,9% dos brasileiros possuem diagnóstico de hipertensão arterial, o pior índice desde o início da série histórica em 2006. A prevalência é maior entre mulheres (29,3%) do que homens (26,4%).
A hipertensão é mais comum entre pessoas com menor escolaridade (45,3% com até oito anos de estudo), indivíduos acima de 60 anos e autodeclarados pretos (29,7%). O Sudeste lidera entre as regiões (29,3%), com o Rio de Janeiro registrando o maior índice entre as capitais (34,4%). Na outra ponta, o Norte apresenta a menor prevalência (21,4%), com São Luís destacando-se como a capital com menos diagnósticos (19,2%).
Diante desse cenário preocupante, a hipertensão arterial se confirma como um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil e no mundo. Suas complicações afetam milhões de pessoas e, muitas vezes, poderiam ser prevenidas ou controladas com mudanças de hábitos e diagnóstico precoce. Para compreender melhor essa condição, é essencial conhecer suas causas, sintomas e os momentos em que a busca por ajuda médica é indispensável.
Por isso, neste post, vamos explorar o que é a pressão alta, as doenças associadas e quando é hora de buscar ajuda médica.
Hipertensão arterial (pressão alta): entenda mais!
De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é definida por níveis persistentes de pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida de forma correta em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
Cerca de 90% dos casos têm origem hereditária, mas hábitos como fumo, consumo de álcool, obesidade, estresse, alta ingestão de sal, colesterol elevado e sedentarismo influenciam nos níveis de pressão arterial. No Brasil, a hipertensão causa 388 mortes diárias.
Principais sintomas da pressão alta
A pressão alta, muitas vezes, é conhecida como “doença silenciosa” porque, na maioria das vezes, não apresenta sintomas claros. É comum que os pacientes associem dores de cabeça à pressão alta, mas essa relação nem sempre é direta.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), em cerca de 50% dos casos, a hipertensão não causa nenhum sintoma, e a única forma de diagnóstico é a medição adequada com um equipamento confiável.
No entanto, é importante lembrar que, em situações de pressão elevada não controlada, pode surgir uma dor de cabeça típica, geralmente matinal e localizada na nuca, descrita como uma sensação de peso.
Quando a pressão atinge níveis muito elevados, outros sintomas podem se manifestar, como tonturas, alterações visuais, náuseas e até vômitos. Ainda assim, é importante destacar que nem sempre há uma correlação direta entre o nível de pressão arterial e a intensidade dos sintomas. Pacientes com hipertensão de longa data podem se adaptar a valores mais altos sem apresentar muitos sinais, enquanto mudanças bruscas na pressão podem ser mais sintomáticas.
Curiosamente, qualquer dor, incluindo uma enxaqueca ou até mesmo um trauma em outra parte do corpo, pode causar um aumento temporário da pressão arterial. Isso frequentemente leva ao dilema: a pressão alta causa a dor de cabeça, ou a dor de cabeça eleva a pressão? Independentemente da origem, o mais importante é buscar orientação médica, especialmente se os sintomas forem persistentes ou acompanhados de sinais graves, como visão borrada, falta de ar ou vômitos.
Problemas da pressão alta não tratada
A pressão alta não tratada pode levar a uma série de complicações graves e potencialmente fatais. Veja os principais riscos:
- AVC (acidente vascular cerebral);
- Infarto do miocárdio;
- Dilatação do coração;
- Insuficiência cardíaca;
- Deterioração progressiva da função renal e risco de o paciente evoluir para hemodiálise;
- Arritmia como a fibrilação atrial;
- Dilatação e aneurisma da aorta;
- Disfunção erétil;
- Demência vascular.
Quando procurar um cardiologista?
Como foi visto, a hipertensão arterial pode ser silenciosa, mas seus impactos são graves e exigem atenção. Consultar um cardiologista no momento certo é essencial para prevenir complicações e garantir a saúde cardiovascular. Veja quando é fundamental buscar a avaliação de um especialista:
- Sintomas persistentes ou graves: dores de cabeça frequentes, tonturas, visão borrada, náuseas ou falta de ar podem indicar descontrole da pressão arterial.
- Histórico familiar de hipertensão: pessoas com familiares hipertensos devem manter acompanhamento regular com um cardiologista, mesmo sem apresentar sintomas.
- Alterações na pressão arterial: medições frequentes acima de 140/90 mmHg precisam ser investigadas para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.
- Fatores de risco associados: indivíduos com diabetes, obesidade, colesterol elevado ou histórico de doenças cardíacas devem priorizar consultas regulares para monitoramento.
- Check-ups preventivos: é recomendável realizar avaliações anuais para medir a pressão arterial e garantir a saúde cardiovascular.