As doenças cardiovasculares são consideradas uma epidemia devido ao crescente número de casos no Brasil e no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas condições são responsáveis por 17,5 milhões de mortes anuais em todo o planeta, colocando o Brasil na 9ª posição em número de óbitos por problemas cardíacos.
No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 30% dos óbitos anuais, o que equivale a aproximadamente 300 mil mortes. Esse cenário preocupante tem sido impulsionado pelo aumento de fatores de risco, como diabetes, obesidade e hipertensão, conforme pontua a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) destaca que as doenças cardiovasculares abrangem condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como doença coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, cardiopatia reumática, cardiopatia congênita, trombose venosa profunda e embolia pulmonar. Eventos como ataques cardíacos e AVCs geralmente resultam de bloqueios nos vasos sanguíneos causados pelo acúmulo de gordura ou por coágulos. Os principais fatores de risco incluem tabagismo, dieta inadequada, obesidade, sedentarismo, uso nocivo de álcool, hipertensão, diabetes e hiperlipidemia. A maioria dessas condições pode ser prevenida ao abordar esses fatores de risco com estratégias voltadas à população em geral.
Nesse contexto, o check-up cardiológico torna-se essencial para manter a saúde do coração e garantir uma vida mais longa e saudável. Mas, afinal, quando fazer um check-up cardiológico? Neste post, vamos abordar as indicações, os exames mais comuns e a frequência recomendada para diferentes perfis de pacientes.
A importância do check-up cardiológico
O check-up cardiológico é uma avaliação detalhada da saúde cardiovascular, que inclui a identificação de fatores de risco, o diagnóstico precoce de doenças e a prevenção de complicações.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os principais objetivos do check-up são:
- Avaliar o risco cardiovascular baseado em fatores como idade, histórico familiar e estilo de vida;
- Detectar precocemente condições como hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes;
- Fornecer orientações personalizadas para a prevenção de doenças.
Quando realizar um check-up cardiológico?
A necessidade e a frequência de um check-up cardiológico dependem do perfil de cada pessoa. Confira algumas recomendações gerais:
- Adultos jovens (a partir dos 20 anos): Devem realizar uma avaliação inicial para identificar fatores de risco, especialmente se houver histórico familiar de doenças cardiovasculares.
- Pessoas acima dos 40 anos: Recomenda-se a realização anual ou conforme orientação médica, mesmo na ausência de sintomas.
- Pacientes com fatores de risco: Indivíduos com hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade ou tabagismo devem fazer check-ups regulares, independentemente da idade.
- Pré-atleta ou atleta amador: Antes de iniciar uma rotina de exercícios, é importante garantir que o coração está preparado.
Alguns sinais de alerta
Embora o check-up seja indicado mesmo na ausência de sintomas, alguns sinais podem indicar a necessidade de uma consulta imediata com um cardiologista:
- Dores ou desconforto no peito;
- Falta de ar ou cansaço excessivo;
- Palpitações frequentes;
- Tontura ou desmaios;
- Inchaço nos membros inferiores.
Principais exames realizados durante um check-up cardiológico
O check-up cardiológico inclui uma série de exames que ajudam a avaliar o funcionamento do coração e identificar possíveis problemas. Entre os exames mais comuns estão:
- Eletrocardiograma (ECG): Um exame rápido e indolor que registra a atividade elétrica do coração. Ele permite detectar anormalidades nos batimentos cardíacos, como arritmias, e identificar sinais de possível infarto.
- Ecocardiograma: Utiliza ultrassom para gerar imagens do coração, avaliando sua estrutura (como câmaras e válvulas) e funcionamento. Esse exame é essencial para diagnosticar problemas como insuficiência cardíaca, defeitos congênitos e cardiomiopatias.
- Teste de esforço: Também conhecido como teste ergométrico, mede como o coração responde durante atividades físicas controladas. Ajuda a identificar doenças arteriais coronarianas e avaliar a capacidade cardíaca sob estresse.
- Exames de sangue: Incluem análises importantes como perfil lipídico (colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos), glicemia e marcadores inflamatórios, como PCR-ultrassensível. Esses dados auxiliam na avaliação do risco cardiovascular.
- Mapa ou Holter: O Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e o Holter de 24 horas permitem acompanhar, respectivamente, a pressão arterial e os batimentos cardíacos ao longo de um dia. Esses exames são indicados para diagnosticar hipertensão, arritmias e variabilidades na frequência cardíaca.
- Teste de Ergoespirometria: Este teste combina o teste de esforço com a análise dos gases expirados durante o exercício, fornecendo informações detalhadas sobre a capacidade cardiorrespiratória e o desempenho metabólico. Ele é utilizado para avaliar a aptidão física, monitorar a evolução de doenças cardiovasculares e respiratórias, e planejar a reabilitação cardiopulmonar. Também, auxilia no diagnóstico de limitações funcionais e na determinação do limiar anaeróbico.
Prevenção: saiba mais!
A realização regular de check-ups cardiológicos é apenas uma parte da equação para manter o coração saudável. A Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019) enfatiza a importância de hábitos saudáveis para a prevenção de doenças cardiovasculares. As recomendações incluem:
- Alimentação balanceada: Adotar uma dieta rica em frutas, verduras, grãos integrais e fontes de gorduras saudáveis.
- Atividade física regular: Praticar pelo menos 150 minutos semanais de exercícios moderados.
- Evitar tabagismo e consumo excessivo de álcool: Esses hábitos aumentam significativamente o risco cardiovascular.
- Gerenciamento do estresse: Práticas como meditação e ioga podem auxiliar na redução da tensão.
Essas orientações visam reduzir fatores de risco como hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo e diabetes, contribuindo para a prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares.
Além disso, o check-up cardiológico é uma ferramenta essencial para a prevenção e o tratamento precoce de doenças cardiovasculares. Manter consultas regulares com um cardiologista e adotar hábitos saudáveis são passos importantes para garantir a saúde do coração e viver com qualidade.